Vamos cometer o "sacrilégio" de ignorar termos técnicos e históricos para dizer de forma muito, mas muito simplificada: pode-se afirmar que o Big Data é, de alguma forma, o BIG BROTHER da era da informática.
O fato é que, com o barateamento do custo de armazenamento de dados e a sofisticação dos processadores, os sistemas de informática estão cada vez mais robustos e armazenam uma quantidade quase infinita de dados e informações, de todos os tipos, muitas vezes com o objetivo velado de saber quem somos nós (quer pessoas físicas ou jurídicas), e como estamos interagindo com os meios de consumo (principalmente), e mais ainda, como podemos ser influenciados a agir nesse meio.
Partindo-se do princípio de que, com o advento da informática, todas as pessoas deixam 'rastros' em todo e qualquer lugar em forma de bits, é a análise desses dados que fornecem informações relevantes de clientes e fornecedores e o seu comportamento.
Alguns exemplos disso:
- as lojas de produtos e serviços de internet por meio de seus CRMs (Consumer Relationship Management), geram uma infinidade de e-mails (muitos deles spams), oferecendo seus produtos com base no histórico de compras recentes da loja ou região e ainda personalizado conforme o histórico de compras de um cliente específico.
- O mesmo CRM permite a empresas de cartões de crédito realizar promoções e definir estratégias de marketing.
- Instituições bancárias e de catões de crédito elaboram um mapeamento minucioso do perfil de seus clientes quanto ao uso de seus cartões, não hesitando em bloqueá-los caso detectem qualquer desvio em seu uso.
- ao entrar em algumas lojas somos surpreendidos com mensagens de boas vindas em nossos próprios celulares, com indicações de serviços e ofertas;
- há poucos dias foi divulgado que a cidade brasileira de Carapicuiba, em São Paulo, é a cidade com maior número de Selfs (fotos de si próprio publicadas na internet).
- Crimes são solucionados com a ajuda de câmeras de segurança instaladas em lojas, frentes de prédios e residências.
- Isso para não dizer naquelas informações que são voluntariamente postadas em redes sociais como facebook, tweeter, LinkedIn, Instagram, etc.
- O programa Nota Fiscal Paulista em conjunto com o SPED FISCAL possibilitam armazenar o registro de todas as transações mercantis (compra e venda) dentro do Estado de São Paulo. Com a promessa de devolver uma parte do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) aos adquirentes de mercadorias dos estabelecimentos comerciais e industriais do Estado de São Paulo o agente governo estimula as pessoas a solicitarem a emissão de Notas Fiscal. Com a informação à sua disposição o agente fiscal confere e apura o imposto dos estabelecimentos podendo o mesmo sistema recomendar ações pontuais de fiscalização;
- No ano de 2014 a Receita Federal do Brasil (RFB) se propõe a preencher a Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física para um determinado grupo de pessoas que possuem certificação digital. Por trás disso há a indicação de que ela pode fazer isso com certa acuracidade para todo e qualquer contribuinte, o que poderá vir a ser oferecido nos próximos anos com o aperfeiçoamento dessa ferramenta;
- A mesma RFB prepara para o segundo semestre desse ano e início de 2015 a implantação do e-Social como o sistema que fará o monitoramento quase em tempo real das relações entre patrões e empregados (contratações, demissões, afastamentos por doenças e licenças maternidades, além de reajustes salariais e recolhimentos de impostos sobre a folha de pagamento).
É assustador imaginar tudo o que já é possível fazer com os meios tecnológicos atualmente a disposição.
Questionar a legalidade ou moralidade do uso dessas informações está fora de questão.
Eu particularmente acredito que o maior erro é não saber usar as informações que estão à disposição.
Como profissional da área contábil e financeira com mais de vinte anos de atuação eu sempre primei por levantar informações relevantes quer sejam por meio de balanços quer sejam por meio de relatórios gerenciais disponíveis dentro das organizações. Acompanhei com certo brilho nos olhos o crescimento do status da Contabilidade que ao longo dos anos passou a ser chamada de Controladoria em algumas empresas por onde passei ganhando status de Área Estratégica.
Haver trabalhado em empresas grandes e multinacionais me possibilitou desenvolver a minha carreira em empresas que desenvolveram a cultura de tomar decisões com base em evidências. Assim quando comecei a trabalhar em consultoria e a desenvolver esse conceito em alguns dos nossos clientes os ganhos de performance não demoraram a aparecer.
Como disse no início, o BIG DATA nada mais é do que um grande volume de dados a ser trabalhado/analisado de alguma forma. Desse termo surgiu também o termo Small data - pequeno volume de dados. Pequeno, mas não menos importante.
Você já parou para pensar na influência desses termos na sua vida ou empresa?
O que você está disposto a fazer a respeito?
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